“Corrente da morte, Arrastão, Cavalinho de Guerra, Guerra do Iraque...aonde vamos parar?
Trabalho como secretário em uma escola municipal na cidade de Taubaté. Tudo está normal, as crianças entraram para suas salas, as professoras aplicaram os exercícios diários e eu fui para a secretaria...
Como em todas as escolas, após um período de duas horas em sala de aula, os alunos saem para o intervalo. Neste período fazem suas refeições e logo após ficam com o tempo livre para brincar, repito, BRINCAR.
Durante meus dois anos neste ofício, passei por três escolas, todas situadas em região de classe baixa, porém, cada uma com suas particularidades. Nestas escolas pude perceber o quanto a mídia maldita influencia a cabeça de nossas crianças.
A primeira escola que trabalhei era em uma região que estava nascendo um bairro, ele ainda era pequeno, um mini bairro. As crianças que lá residiam não tinham costume de ver TV, eles gostavam mesmo era de brincar nos grandes terrenos que ainda haviam por lá, nesta escola sim, era possível sentar e conversar com os alunos, realmente poder fazer a educação florescer. Mas o tempo passou e fui transferido para outra unidade escolar.
Na segunda escola, grande e lotada de alunos, localizava-se em um bairro também grande e famoso pelo seu alto índice de violência. Apesar da pobreza, a maioria dos moradores deste bairro tinham acesso a TV, era possível ver os adolescentes comentarem alguns programas. Um dia na hora do intervalo para as crianças, ouço gritos e assobios: Meu Deus, é uma briga! Chegando perto para ver quem eram os alunos, me deparo com duas crianças de oito anos, grudadas como dois pedaços de plástico com Superbonder. Separo rapidamente. Questiono-os o por quê da tão terrível briga, eles me respondem: “Estavamos brincando de Yu-Gi-Oh!. Continuei com minha dúvida. Mas, na hora do almoço, o horário que os alunos também estão em suas casas almoçando, ligo a TV para dispersar um pouco o pensamento, é violentamente jogado aos meus olhos o falado Yu-Gi- Oh!, um desenho de extrema violência onde matar é a ordem e poder divino. Mas ainda não é tudo.
A última escola, que estou trabalhando nela ainda, localiza-se em um bairro urbanizado, cheio de casas e conjuntos habitacionais, e me impressiono com o tamanho da carência das crianças e penso: “Aqui há um grande trabalho a fazer”.
... Vou para minha sala resolver minhas atividades e espero a hora do intervalo. Quando bate o sinal, o barulho de uma cavalaria com uns 300 animais invade a secretaria: O que é isso?, pergunto a diretora da escola. “ É o recreio”, responde ela. Me assusto com a falta de educação e violência das crianças que “brincam” de “Corrente da morte”, “Arrastão”, “Cavalinho de guerra”, “Guerra do Iraque” (olha a mídia outra vez) e ponho-me a refletir sobre o que os meus olhos não querem ver. “Meu Deus! Aonde vamos parar?
Agora, neste exato momento, em que escrevo este desabafo, recebo a seguinte informação, de cinco alunos que adentram em minha sala: “Diego, fulano tirou sangue da cara de fulana com a unha...”. Fico sem ação para resolver. Perdi a paciência. E estou perdendo as esperanças. Ainda mais, quando encontro produtos de todos os segmentos da indústria, enfiando “goela abaixo” dessas crianças toneladas de propaganda, que idolatram desenhos violentos que deturpam a mente das crianças, que ainda serão um dia o futuro do país. Meu Deus, aonde vamos parar?
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